07 de nov. de 2024
A Bienal das Amazônias vai navegar pelos rios da Amazônia com uma intensa programação do projeto Bienal Sobre as Águas para as comunidades ribeirinhas. A embarcação da Bienal, que já é uma obra de arte, começa a cruzar as águas no dia 10 de janeiro. A viagem será pelas ilhas de Belém, pelo Marajó e até o Amazonas, terminando no dia 31 de maio de 2025. A curadoria é da diretora de Conteúdo e Pesquisa do Instituto Bienal das Amazônias, Keyna Eleison, e o projeto tem patrocínio do Instituto Cultural Vale e Nubank.
No dia 17 de novembro, a embarcação aportou no Píer das Onze Janelas, em Belém, e, no dia 22, aconteceu o evento de lançamento dentro do barco. No dia 23, ficou aberto ao público para visitação. Agora, a visita ao público retorna a partir do dia 11 de dezembro, sempre das 9h às 17h30, com programações pedagógicas, às quartas e quintas-feiras, das 9h às 11h30, e artísticas, das 16 às 21 horas. As segundas e terças-feiras são reservadas para manutenção. O barco fica na Escadinha até 22 de dezembro.
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Às sextas-feiras, o barco navega para localidades próximas, como Outeiro, Cotijuba e Mosqueiro, ilhas da Região Metropolitana, e para os municípios de Abaetetuba, Barcarena e Moju. A viagem termina em Ponta de Pedras, no Marajó. Depois, o barco segue para o Amazonas.
O barco tem design do artista boliviano Freddy Mamani. Pedreiro, arquiteto e engenheiro, Freddy se notabilizou ao criar uma nova arquitetura andina, com trabalhos já realizados na Bolívia, Peru e no Brasil.
“Estamos felizes em poder participar deste projeto. Nas Amazônias, existem culturas diferentes, e, nessa irmandade de países, acredito que podemos entrelaçar e fazer tendência com projeção para o futuro”, afirma Mamani. “Nesse projeto, acho que vai ser interessante fazer uma união de culturas por meio da arquitetura na construção deste navio, pois vamos aplicar elementos geométricos, essas linhas perfeitas que existem nos têxteis. Ao mesmo tempo, dentro desses elementos, vamos tentar fundir com aquela policromia de cores que existem na parte andina e na parte amazônica. Será algo fantástico”, acrescentou o artista.
Keyna Eleison, diretora de Pesquisa e Conteúdo do Instituto Bienal das Amazônias e curadora da Bienal sobre as Águas, conta que o projeto do barco é uma obra de arte que está sendo desenvolvida, pensada e sonhada desde 2021. “É um barco que está sendo desenvolvido como obra de arte pelo artista Freddy Mamani. E como um barco, também vai guardar, vai levar, vai carregar, vai trocar, vai receber uma quantidade de eventos, performances, aulas, visitas, festas, shows e outros desdobramentos culturais e artísticos pelas navegações que ele vai desenvolver, não só pelo rio Amazonas, mas pelos seus braços”, diz Keyna. “Minha expectativa é que a gente tenha o resultado de uma beleza maravilhosa, estonteante, mas também a amostra de uma ética e uma cultura de troca muito grande”, completa.
Lívia Condurú, presidente da Bienal das Amazônias, afirma que a Bienal sobre as Águas é muito importante por fazer com que a arte e a cultura cheguem a lugares e pessoas das mais variadas etnias e faixas etárias. “É muito importante conseguir fazer um projeto ou uma etapa de um projeto que alcance comunidades que não possuem aparelhos culturais, o que não quer dizer que elas não possuam cultura ou educação. É interessante fazer esse encontro de saberes e acho que nada melhor do que algo tão comum ao povo amazônico, como um barco”, disse.
Para Lívia, a Bienal sobre as Águas é um marco. “Com as itinerâncias conseguimos chegar a outros lugares da Amazônia por meio de terra e agora chegar por meio de rio é absolutamente importante para aquilo que a gente deseja para o nosso território, que é fortalecê-lo a partir do próprio território”, assinalou.
A Bienal sobre as Águas poderá ser visitada gratuitamente em qualquer uma das localidades em que o barco/obra aportar. “Vamos aportar nas cidades e apresentar programações múltiplas de arte e educação, destacando a cultura local de cada rota”, explica a coordenadora de Produção Carla Bechara.
Segundo ela, a embarcação, que comporta 300 pessoas, foi completamente adaptada para garantir a acessibilidade a todos os públicos, com rampas, quartos e banheiros acessíveis. Além disso, o barco vai navegar com uma tripulação média de 20 pessoas capacitadas para dar todo tipo de suporte necessário.
Carla destaca a novidade e a complexidade do trabalho. “Desde o início, sabíamos que seria um trabalho complexo, por ser uma grande novidade. E estamos trabalhando para superar todos os obstáculos, desde a administração da reforma da embarcação, que requer a colaboração de equipes de engenharia naval, civil e arquitetura. Essa integração é essencial para garantir que todas as especificidades técnicas e estruturais sejam atendidas”, afirmou.
Segundo Carla, a equipe de produção da Bienal desempenhou um papel crucial na coordenação de esforços para que todas as etapas do projeto estivessem alinhadas com a visão artística de Freddy Mamani. “A execução desse projeto não foi apenas um desafio logístico e técnico, mas também uma oportunidade de inovação e colaboração entre diversas linguagens artísticas. É importante enfrentar esses desafios com criatividade e determinação, em prol de todo o potencial transformador do projeto, por meio da arte e da educação”, disse.
O engenheiro naval Gelson Ferreira explica que a construção do barco/obra envolve um trabalho minucioso, e a engenharia naval é responsável por garantir que todas as alterações solicitadas sejam realizadas. “Trabalhamos junto com o artista, por exemplo, para orientá-lo e tentar viabilizar todas as modificações que ele solicita”, esclarece. Ainda segundo Gelson, a engenharia naval estuda a viabilidade técnica e econômica do projeto, as rotas de navegação e até quais localidades se pode chegar com esse tipo de embarcação. “Passada essa etapa de estudos, trabalhamos em conjunto com engenheiros, arquitetos, o artista e demais profissionais envolvidos, a fim de viabilizar o projeto”, explica.
A Bienal das Amazônias é instituição de arte, nascida no Sul Global, que tem como premissa o deslocamento do debate sobre as artes e seus potenciais enquanto ferramenta geradora de transformação econômica e social, dos eixos dominantes do mercado das artes, devolvendo o protagonismo à Amazônia desde as Amazônias.
Para tanto, desenvolve programas que possibilitem a amplificação dos temas relevantes para as comunidades que constituem este amplo território, sempre norteados pela equidade de gênero, justiça social, democratização de acesso aos bens culturais, comprometidos com o desenvolvimento economicamente sustentável da região.
A Bienal das Amazônias é movida pelo desejo de ver o próprio território amazônico retomar o controle sobre sua narrativa e seu futuro, refletindo e amplificando as vozes de instituições, organizações, grupos e indivíduos da região. Além de seus eventos bienais, a Bienal realiza ações socioculturais por meio das atividades desenvolvidas em seu Centro Cultural em Belém (PA) e do apoio a outros projetos e artistas.
Mais informações nas redes sociais da Bienal das Amazônias e da Bienal Sobre as Águas.
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